EDITORIAL

GOVERNADOR EM CAMPANHA?

A vinda do governador Eduardo Leite ao Litoral Norte para lançar programa de investimento à saúde e recursos ao Hospital de Tramandaí indica que este será o caminho da campanha política que indicará o seu vice a candidato. O vice que era do PTB, após divergência com o presidente nacional do partido Roberto Jefferson, na semana passada assinou sua filiação ao PSDB, passando a ser o virtual sucessor de Leite que espera concorrer a presidente.

O governo do estado, neste ano, iniciou o lançamento de programas voltados a investimentos na saúde. Mas recentemente o Programa Avançar e Agora o Bem Cuidar RS, voltado aos idosos. É de se entranhar esta movimentação, uma vez que o próprio estado havia retirado dos hospitais gaúchos os incentivos de resolutividade. Com a pandemia, o governo federal “despejou” até o início deste ano R$ 420 bilhões em dinheiro aos estados, além de suspender cobrança de dívidas para com a União. Nunca os estados receberam vultosas quantias e benesses para que se preparassem para enfrentar os efeitos da pandemia e assim poder “salvar vidas”.

Cada estado teve sua autonomia para aplicação dos recursos de modo que estes eram liberados para o enfrentamento da crise que se abateu na economia em razão da enlouquecida decisão de fechar tudo e de salvar os municípios de uma quebradeira geral. Só em 2020 o RS recebeu e ainda deixou de desembolsar mais de R$ 40 bilhões, quando a arrecadação do estado foi de R$ 38,67 bilhões. Simplesmente o valor de um ano de arrecadação foi o que o Governo Federal permeou aos cofres do estado.

Diante da gestão de Eduardo Leite se pergunta onde foram aplicados esta arrecadação de dois anos em 12 meses. As estradas tiveram poucos investimentos, na Educação com a redução das despesas de funcionamento não houveram reformas nos prédios escolares e muito menos a construção de outras que eram necessárias, as empresas não tiveram folga na cobrança de impostos e muito menos incentivos para enfrentar a quebradeira e o fechamento por decorrência da pandemia. Um fracasso de gestão, nem mesmo a atração de negócios e investimentos que viessem a geram empregos, mesmo mantendo as alíquotas mais elevadas do país de ICMS para os setores de energia, combustíveis e telecomunicações que está em 30%. Além de não investir, continuou a espremer os gaúchos com o fardo pesado dos impostos.

O volume de recursos serviu para acariciar o funcionalismo que vinha recebendo o salário parcelado há dezenas de meses, já buscando a simpatia para uma possível candidatura e a reeleição, mas que agora vislumbra o Planalto.

Agora o governador busca “tira a bunda da cadeira” indo ao interior do estado para apresentar os programas na área da Saúde onde um destes já apresenta descontentamento dos hospitais como é o caso do Programa Avançar. Este programa beneficiou 23 hospitais e no caso de Osório que tem vários projetos de ampliação de atendimentos e serviços não foram destinados nenhum centavo. Também os hospitais reclamam do corte dos incentivos que são recursos extras para aplicação livre nas despesas hospitalares. Mas tudo indica que o volume de recursos represados nos cofres do estado estão para serem aplicados em novos programas na área da Saúde para que Eduardo Leite tenha a desfaçatez assim como Dória em São Paulo de se proclamarem salvadores de vidas.  Mas fica-se a imaginar se durante uma pandemia “surgiram” R$ 460 bilhões aos estados o quanto já poderiam ter feito pela saúde no país e pelo SUS nas últimas décadas se não roubassem ou desviassem os recursos. Teríamos certamente hospitais de excelência em cada grande centro regional e as pessoas não morreriam em filas por falta de atendimento. Mas somente em campanha que “florescem” os recursos que sempre dizem não haverem.

OMAR LUZ

Diretor e fundador do Jornal Momento. Semanalmente publica artigos para as categorias "Editorial" e "Boca do Balão".