Polícia segue investigando morte de policial aposentado

Após 15 dias da morte do policial rodoviário federal aposentado Fabio Cezar Zortéa, a Policia Civil segue com as investigações. A vítima foi morta por Policiais Militares (PMs) na madrugada do dia 23 de agosto, em frente de sua residência, no Centro de Torres, durante uma abordagem da Brigada Militar (BM) aos seus dois filhos.
A Polícia tem avançado no inquérito com depoimentos e coleta de imagens de câmeras que possam montar todo o quebra-cabeça da ocorrência da madrugada de 23 de agosto. Um dos principais objetivos da investigação é entender como a abordagem envolvendo os filhos da vítima, Fábio e Luca Zortéa, se iniciou, se houve perseguição e de onde partiram as primeiras atitudes violentas.
A polícia segue recebendo vídeos de câmeras de estabelecimentos privados e aguarda outros, de órgãos públicos, que possam ter registrado o começo da abordagem. O delegado Juliano Aguiar também espera por duas perícias nas armas — solicitadas ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) em 28 e 30 de agosto — e outra perícia confronto papiloscópico em uma lata de vodca. O prazo habitual para conclusão dos laudos é de 30 dias, mas, caso a análise seja classificada como urgente, pode sair antes.
Quinze pessoas já foram ouvidas no inquérito. Os depoimentos dos cinco PMs investigados devem ser marcados ainda nesta semana — dois deles têm suas condutas apuradas por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Não há previsão para conclusão do inquérito, mas o delegado espera que seja “o mais célere possível”. Dentro do inquérito, os filhos de Zortéa, Fábio e Luca, também são considerados investigados.
A abordagem
A abordagem ocorreu no começo da madrugada de 23 de agosto, quando Luca e Fábio estavam a bordo de um Gol branco que foi seguido por uma viatura da BM. Por volta das 2h, o carro parou em frente ao prédio da família, na área central de Torres e a viatura estacionou atrás. Com arma em punho, os policiais anunciaram a abordagem e começou uma discussão com os irmãos. O pai, Fábio Zortéa, a mãe e a irmã ouviram os gritos do apartamento e desceram até a calçada para ver o que estava acontecendo. Na confusão, o pai, que tentou interceder pela defesa dos filhos, acabou baleado no abdômen por um dos policiais e morreu no local. O filho Fábio foi ferido com um tiro na perna. Parte da briga foi filmada por vizinhos, que viraram testemunhas no inquérito.
Os policiais envolvidos na ocorrência estão afastados da BM e entregaram suas armas. Até o momento, a Polícia Civil não revela se representou pela prisão dos policiais e evita falar se irá protocolar este pedido no Judiciário. O que diz a defesa dos PMs
O advogado Maurício Custódio, que faz a defesa do PM que atirou em Zortéa, afirma que seu cliente aguarda em casa para ser chamado a depor e que considera um erro eventual pedido de prisão: “Ele não oferece nenhum risco de perturbação de prova, ele não gera nenhum risco à ordem pública. Se isso acontecer, será uma decepção jurídica e um pedido pirotécnico, contrariamente ao que é pregado à prisão preventiva, última medida que se adota para preservar integralidade da investigação”, declarou.
À frente da defesa do segundo PM que aparece nas imagens, José Paulo Schneider afirma que seu cliente não disparou, foi agredido e depois agrediu com um bastão. Segundo ele, a abordagem iniciou de forma normal e se desequilibrou com a reação dos irmãos Zortéa. O policial também aguarda em casa ser chamado pela polícia. “Não houve destruição de provas, meu cliente não disparou e está respondendo por todos os seus atos. Não está interferindo na investigação e não há razão para ser preso. A prisão não traria tranquilidade ao processo”, argumentou o advogado.
O que diz o advogado da família
O advogado da família Zortéa Ivan Brocca afirma que está sendo feito um abaixo-assinado pedindo a prisão preventiva dos policiais. A reivindicação será protocolada junto à 1ª Vara Criminal de Torres. “Seguimos mobilizados, no domingo que passou ocorreu nova manifestação por justiça, pois o Zortéa não volta mais”, disse Brocca.
Paralelamente à investigação da Polícia Civil, a BM abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta dos cinco policiais envolvidos na ocorrência. A apuração é conduzida por um oficial do Litoral Norte e tem prazo de 40 dias a partir da data do crime, podendo ser prorrogado por mais 20. A corporação não adianta detalhes da investigação.
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