Taxa Selic terá aumento de 14,35%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a Taxa Selic em 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira (7), levando a Selic a 14,75% ao ano. A decisão foi unânime. Este é o maior patamar da taxa básica de juros para a economia brasileira em quase 20 anos. A última vez em que a Selic esteve neste patamar foi em julho de 2006.
Apesar de haver divergências nas expectativas do mercado, a maior parte dos atores esperavam a alta no patamar definido pela autoridade monetária. O Banco Central justificou a decisão citando alguns fatores: cenário marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.
“Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, comentou o Banco Central. No comunicado, o BC não confirmou o fim do ciclo de altas devido ao cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, o que “demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”.
PREOCUPAÇÕES
O anúncio do Banco Central trouxe preocupação para as entidades gaúchas. O presidente do sistema Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, ressaltou que, “embora, atualmente, as principais variáveis nas discussões da trajetória da política monetária estejam vinculadas à conjuntura externa, especialmente à americana, não pode se esquecer que a nossa conjuntura interna contratou taxas de juros estruturalmente elevadas. “Os juros de curto prazo estão altos em virtude de um desequilíbrio fiscal que alimenta a inflação, mesmo com um cenário de desaceleração da atividade econômica global e de perda de valor do dólar. Se não endereçarmos medidas que reparem o cenário fiscal, permaneceremos com juros estruturalmente elevados por um longo período, o que, certamente, penaliza a atividade produtiva e compromete a saúde financeira de famílias e empresas”, declarou Bohn.
Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Claudio Bier, afirmou que: “A elevação da taxa Selic reforça uma trajetória preocupante para a indústria brasileira, que já enfrenta custos elevados, margens comprimidas e crescentes dificuldades de acesso ao crédito”, avaliou. Ao comentar sobre o aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, Bier reconhece que há fatores externos que interferem no ambiente econômico. Mas alerta para a necessidade de o governo fazer a sua parte em relação ao controle de gastos e ao necessário ajuste fiscal.
Para o presidente da Fiergs o combate à inflação exige, prioritariamente, responsabilidade com as contas públicas e medidas efetivas de gestão que restabeleçam a confiança. “Manter uma política de juros elevados como resposta única ao descontrole fiscal significa penalizar o setor produtivo. É preciso atacar as causas estruturais, não seguir tratando os sintomas”, afirmou Bier.
Segundo demonstrado pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da Fiergs em levantamentos realizados na Sondagem Industrial e na Pesquisa de Investimento, as condições de crédito para as empresas pioraram nos últimos meses, trazendo impactos negativos para a indústria, agravados com o aumento na taxa de juros.
CRÉDITO: Dudu Leal