O Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio em 2016, uma morte a cada 46 minutos, informou o Ministério da Saúde nesta quinta-feira. O número representa um aumento de 2,3% em relação ao ano anterior, com 11.178 casos. Mas a realidade pode ser ainda mais sinistra, em razão de um subdiagnóstico de 20% para este indicador, segundo a secretária de vigilância sanitária do Ministério, Fátima Marinho.
Em 2016, o suicídio foi a quarta principal causa de morte entre jovens com entre 15 e 29 anos. Por sexo, é a terceira principal causa nessa faixa etária entre os homens e a oitava entre as mulheres. Os indicadores cresceram desde o início da série em 2007, especialmente os relacionados aos homens, com aumento de 28% dos casos desde então.
Em nove anos, o Brasil registrou 106.374 mortes por suicídio e a taxa atual é de 5,8 por 100.000 habitantes. Marinho ressaltou que, apesar da falta de dados disponíveis, é possível concluir que o desemprego “é um fator de risco nas tentativas de suicídio”.
No Brasil, há quase 13 milhões de desempregados e outros 4,8 milhões de pessoas que desistiram de procurar emprego devido à falta de oportunidades após dois anos de recessão (2015 e 2016) e um modesto crescimento de 1% em 2017. A taxa de suicídio entre os indígenas (representando 0,4% da população nacional) continua a ser a mais alta (15,2/100.000).
Na população branca, o indicador é de 5,9/100.000 e entre negros e mestiços de 2,4/100.000, a menor de todos. A maioria dos casos ocorre por enforcamento (60%), seguido por intoxicação (18%) e armas de fogo (10%). Os porta-vozes do Ministério da Saúde detalharam os dados em coletiva de imprensa por ocasião do mês de prevenção do suicídio.
Eles destacaram a abertura de mais de cem centros de atenção psicossocial e a gratuidade da linha de prevenção do suicídio, entre outras medidas. Números da Organização Mundial da Saúde (OMS) dizem que a cada ano 800.000 pessoas cometem suicídio no mundo, um a cada 40 segundos.
Centro de Valorização da Vida
Ligações para o Centro de Valorização da Vida (CVV), que auxilia na prevenção do suicídio, são gratuitas em todo o país. Um acordo de cooperação técnica com o Ministério da Saúde, assinado em 2017, permitiu o acesso gratuito ao serviço, prestado pelo telefone 188.
Por meio do número, pessoas que sofrem de ansiedade, depressão ou que correm risco de cometer suicídio conversam com voluntários da instituição e são aconselhados. Antes, o serviço era cobrado e prestado por meio do 141. O centro existe há 55 anos e tem mais de 2 mil voluntários atuando na prevenção ao suicídio. A assistência também é prestada pessoalmente, por e-mail ou chat.